Data Brokers: A indústria dos dados pessoais e quais cuidados tomar

8 de julho de 2024
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É muito provável que você já tenha vivido uma situação assim: você pesquisa por novos modelos de smartphone em um mecanismo de busca na internet e, a partir daí, os seus perfis nas redes sociais ou até mesmo aplicativos de e-mail e mensagens passam a exibir uma enxurrada de anúncios relacionados a esses produtos. Muitas pessoas acham que isso provavelmente acontece porque os dispositivos modernos estão constantemente “escutando” tudo o que é dito em voz alta, mas a verdadeira explicação está na ação de data brokers. Nunca ouviu essa expressão antes? Neste artigo, você vai saber o que isso significa, e quais cuidados precisa tomar para manter a sua privacidade online. 

Data brokers, ou corretores de dados, são empresas especializadas em coletar, classificar, agregar e vender informações pessoais. Esses dados são obtidos de diversas fontes, como registros públicos, compras online, atividades em redes sociais e programas de fidelidade. Posteriormente, essas informações são comercializadas para empresas que desejam entender melhor seus consumidores e direcionar suas estratégias de marketing de maneira mais eficaz. 

Como funcionam os Data Brokers? 

Os data brokers coletam informações pessoais de diversas fontes, e as vendem para terceiros. Basicamente, eles montam perfis detalhados das pessoas a partir de informações coletadas em redes sociais, registros governamentais e outras fontes públicas online. Para coletar uma quantidade tão grande de dados, os data brokers utilizam tecnologias avançadas de algoritmos, cruzando informações que incluem até mesmo hobbies e outras preferências pessoais.  

Apesar do objetivo em comum, os data brokers adotam diferentes estratégias. Um data broker especializado no setor financeiro, por exemplo, pode compilar e analisar dados sobre histórico de crédito, atividades econômicas e informações demográficas, incluindo pontuações de crédito, padrões de pagamento e registros públicos. Já um agente interessado no mercado de beleza e estética pode utilizar a análise avançada de dados para fornecer insights significativos e estratégias de marketing direcionado. 

Um processo crucial, no entanto, está presente na atividade de praticamente todos os data brokers. Entre a coleta e a venda de dados, existe uma etapa fundamental: a segmentação de público-alvo. Com base nos dados levantados, os data brokers criam perfis de usuários e segmentam essas pessoas em grupos específicos. Isso permite que empresas direcionem anúncios personalizados para públicos relevantes, aumentando a eficácia das campanhas de marketing. 

A ação de data brokers é permitida por lei? 

A atividade dos data brokers é legal e regulamentada em muitos países, mas nem por isso deixa de ser controversa. A principal crítica reside na falta de transparência e controle que os indivíduos têm sobre a coleta e o uso de seus dados. Muitas vezes, as pessoas não estão cientes de que suas informações estão sendo coletadas ou de como serão utilizadas, levantando dúvidas sobre privacidade e segurança. 

A criação de perfis detalhados que compilam dados coletados pode invadir a privacidade dos indivíduos, expondo informações sensíveis sem o seu consentimento explícito. O uso de dados para segmentação pode levar ainda a práticas discriminatórias, como a exclusão de certos grupos de ofertas ou serviços. Além disso, a grande quantidade de dados armazenados por data brokers representa um risco significativo em caso de vazamentos, podendo expor informações pessoais a cibercriminosos. 

Existem diversas leis de proteção de dados, como a GDPR (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados) na Europa e a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). Essas legislações foram criadas com o intuito de garantir aos indivíduos o direito sobre o controle de suas informações pessoais. No entanto, é importante ressaltar que a eficácia dessas regulamentações pode ser bastante limitada, especialmente considerando que os data brokers operam globalmente. Desta forma, os data brokers podem não estar diretamente sujeitos à LGPD, se não estiverem localizados no Brasil. 

A LGPD concede aos titulares de dados no Brasil o direito de acesso, correção, exclusão e portabilidade de suas informações. Isso pode permitir que os usuários solicitem a retirada de seus dados dos bases de informações dos data brokers. Apesar disso, é importante que os usuários também se conscientizem sobre as atividades dos data brokers e passem a exigir mais transparência na forma como empresas coletam, usam e compartilham dados pessoais. 

Como posso me proteger? 

Diante das limitações da legislação no Brasil e em outros países, é fundamental que os usuários adotem práticas cotidianas de privacidade, e estejam cientes de como seus dados são coletados e usados.   

Para verificar se seus dados estão sendo vendidos por data brokers, você pode seguir uma dica muito simples: comece pesquisando por seu nome completo em qualquer mecanismo de busca popular. Os resultados podem indicar sites de busca de indivíduos, data brokers que coletam e catalogam suas informações de contato e outros dados sensíveis, registros pessoais, informações de licenciamento, e até mesmo seus históricos financeiros e jurídicos. 

Caso identifique a utilização irregular de suas informações pessoais, a LGPD garante a você o direito de solicitar o bloqueio ou exclusão de dados excessivos ou desnecessários que não foram processados de acordo com a lei. Além disso, alguns hábitos simples podem reduzir bastante a utilização indesejada de seus dados na internet. Confira! 

  • Compartilhe o mínimo necessário: Evite compartilhar informações sensíveis, como endereços e número de telefone. Seja seletivo sobre quais dados você fornece. 
  • Use navegadores seguros e evite clicar em links desconhecidos: atente-se para a segurança e confiabilidade dos sites que você costuma visitar na internet, e nunca clique em links suspeitos ou maliciosos. 
  • Leia os termos de acordo: sempre verifique as políticas de privacidade dos sites e serviços que você utiliza. Muitas vezes, elas contêm informações sobre como seus dados serão coletados e compartilhados. 
  • Ajuste as configurações de privacidade nas redes sociais: Limite quem pode ver suas informações pessoais. 
  • Monitore seu crédito regularmente: Verifique seu histórico de crédito em busca de atividades suspeitas. 
  • Solicite a exclusão: Alguns data brokers oferecem opções de exclusão. Procure por essas opções nos sites dos data brokers e solicite a remoção de seus dados. 

Apesar de a atuação de data brokers suscitar debates importantes sobre privacidade e segurança na internet, é importante entender que eles são uma realidade concreta e estão presentes em praticamente todos os ambientes digitais. Por isso, é essencial que os usuários estejam informados e tomem medidas proativas para proteger seus dados pessoais. Com o aumento da conscientização e a adoção das práticas de privacidade que sugerimos neste artigo, é possível minimizar os riscos e manter um controle maior sobre suas informações pessoais na internet. 

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